segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Balõenzinhos de ideias




Sou muito curiosa, sempre fui desde criança. Mas hoje sou mais.  Seria interessante se de nossas cabeças saísse balões com o que estamos pensando, assim poderíamos saber o que se passa na cabeça de todos, inclusive na minha (risos), que confusão seria.
Não saber, para mim, é uma situação ás vezes torturantes. Você que lê deve pensar, fofoqueira, mas não é isso. O saber é algo que vicia, incomoda.

Hoje, 02 de outubro, no 8108 deixei uma senhora entrar na minha frente, nem imaginava o que estaria por vir. Querem saber? A mesma senhora passou na roleta e de BOA TARDE aos demais passageiros.  Sempre quando escuto isso já penso que é alguém vendendo alguma coisa e dessa vez não foi diferente. A senhora começou a falar sobre algumas palestras nas linhas 2104, 2103, 2004 e 8108 sobre Aids. É incrível como só de pronunciar o nome da doença fez com que o semblante dos ouvintes mudou.

A senhoria, de aparência sofrida, disse que tinha a doença a doze nos e que foi infectada pelo marido. Ela também estava pedindo ajuda, contribuição para que pudesse comprar um protetor da marca minesol. Realmente esse produto custa em torno de R$80 reais, quem é branquelo ou manchado como eu sabe bem o preço. Pois bem, continuando, a senhora continuou a falar e a pedir ajuda.

Algumas pessoas se sensibilizaram e deram dinheiro. Eu só ouvi porque não tinha nem um real para contribuir. Pensei, então, em ajuda-la com a passagem. Perguntei a cobradora se poderia passar o cartão BH bus e ela devolveria o dinheiro pago pela senhora. Adivinhem a resposta? NÃO é claro. Nem argumentei tamanha a impotência e impacto da negativa. Me senti  envergonhada por não ter outra forma de ajudar aquela senhora com o rosto marcado pelo tempo e pela doença. Também nem sei se a ilustríssima agente de bordo poderia aceitar meu pedido.

Outras pessoas, felizmente, a ajudara. Uma das passageiras disse que tinha na família alguém soro positivo e se emocionou ao abraçar a senhora que pedia. Seria ótimo saber o que se passou na cabeça das duas, o balãozinho seria muito bem usado nesse momento.
Ontem brinquei cantando uma canção que dizia: “a pobreza bateu em minha porta e eu abri”, mas depois do que vi e ouvi hoje me deu até vergonha pelo que cantei. A pobreza não bateu em minha porta, posso não ter muito dinheiro, mas tenho saúde, força e oportunidade de trabalho, coisas que aquela senhora mostrou que por causa da enfermidade a que foi acometida, não tem.

 A gente sempre escuta que existem problemas maiores que os nossos. Realmente existe mais é hipocrisia dizer que se entende a situação do outro. Se entende por que não ajudou? Por que ficar só olhando ou nem se quer olhar? É muito fácil dizer que entende quando não foi você quem recebeu a sentença de morte mais lenta que já existiu. E agora você gostaria dos balõezinhos de ideias? Sim, não, talvez. Vai saber né.

Obrigada mais uma vez a você que parou para ler meu texto. Como diria Renato Russo, FORÇA SEMPRE.


sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Desculpas




A cada dia que passa, ou melhor, a cada dia que ando de ônibus percebo que podemos sempre descobrir coisas novas. Hoje constatei que a palavra DESCULPA é, acredito eu, uma das palavras mais banalizadas que existe. Por quê? Vou explicar.
Todos sabermos que o transporte público coletivo é muito conturbado certo? Estava eu, esperando o Move 82, e como sempre a plataforma estava lotada e o ônibus já se aproximava. A pessoa que estava atrás de mim nem esperou o ônibus parar, muito menos abrir a porta, foi logo me empurrando. Eu olhei para trás e com a calma que não tenho disse: “não precisa empurrar” (aposto que vocês acharam que eu iria brigar com a sujeita né). Mas, acreditem, não fiz barraco. Ela me pediu desculpas. Se pretendia empurrar porque pedir desculpas? Entenderam como pedir desculpas é banal?
Tem uma musica do meu amado Renato Russo que diz que DESCULPAS NEM SEMPRE SÃO SINCERAS, QUASE NUNCA SÃO. Se você que agora lê este simplório texto, empurrou, magoou, foi grosseiro ou grosseira, não se desculpe, por quê? Resposta simples, provavelmente suas desculpas não são verdadeiras. Você quis empurrar para entrar mais rápido no ônibus, magoou e foi grosseiro (a) porque no fundo você quis ser.
Pense antes de fazer. Não use a palavra DESCULPA como se ela fosse uma borracha. Nossas ações são como canetas com tinta permanente, nunca se apagam.


Pensem nisso, e obrigada por chegar ate o fim.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Óculos Escuros


Para que servem os óculos escuros além de proteger os olhos nos dias mais ensolarados? pode deixar que eu te respondo. Eles também servem para ocultar os olhos, como uma máscara, para que não possam ser vistos nem para onde estão direcionados. Neste momento você para e se pergunta por que isso? Vou explicar. 
Hoje, prestando atenção nas pessoas dentro do Move 82, vi um rapaz retirar um tablet da mochila, imediatamente o passageiro da cadeira atrás esticou o pescoço para olhar. Sujeito curioso né? Verdade. Eu também fui curiosa e olhei, mas como estava com o meu Chilli Beans (achado dentro do Move 82), o rapaz não percebeu minha bisbilhotice. 
Viu como os óculos se transformam em máscara. Em outro momento, ou melhor, em outro ônibus um bebê de mais ou menos uns cinco meses, me olhava enquanto chupava a mão. Ela é bem fofinha, mas não queria ficar olhando diretamente, mais uma vez me escondi atrás dos meus óculos. 
Pergunto a você, caro amigo leitor, quantas vezes já se esconderam atrás dos óculos tentando, disse tentando, se esconder da realidade que te espera?
Li hoje um texto emocionante que dizia "os olhos são a janela da alma e cada piscada uma gargalhada". Concordo com o Leandro, autor do texto, então deixemos as janelas abertas sem cortinas ou óculos obstruindo nosso olhar. 
Use óculos de sol somente para se proteger dos raios UVA/UVB e não para se esconder. Parece difícil, eu sei, mas é bem melhor encarar as situações que a vida nos apresenta de frente. Doses homeopáticas causam a falsa sensação de que o ruim não é tão ruim assim e escondem que o bom pode ser ainda melhor do que parece. 
Para você que leu até o fim, obrigada, e acredite não há mau que dure para sempre.  


Crônicas de quem anda de ônibus - 23/09/2014

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Pão com Ovo ou Mcdonalds?




O pão com ovo nada mais é que um simples sanduíche de pão com ovo (redundante não). Mas hoje cruzei com várias pessoas diferentes em todos os ônibus que entrei. E em uma dessas viagens escutei a seguinte frase: "Pão com ovo não, Mcdonalds". Confesso que fiquei muito curiosa e continuei a ouvir o papo. Não fazia a mínima ideia de como era a pessoa que falava, mas comparando, imaginei que a pessoa estava mais para Mcdonalds, caro, elaborado (só que não), padronizado, futilmente rico e consumido no mundo todo do que para um pão com ovo, simples, popular, grosseiramente pobre. 
E não me surpreendi quando consegui ver quem era. A moça era alta, bonita, bem vestida e estilosa. Falava no seu Iphone (sei lá que número) sem parar. Não sei em que ponto ela entrou, mas falava sem parar, coisas tão bobas como o pão com ovo. Eu preocupada com meus estudos, a propaganda que tenho que criar para a aula de amanhã (23/09), a grana para pagar as aulas de pilotagem. Lembrei-me de pessoas que estão passando por um momento delicado em relação a saúde, uma delas em coma lutando para sobreviver. Continuei ouvindo (agora sem querer) a conversa daquela moça tão linda e acabei chegando a conclusão de que eu era o PÃO COM OVO e ela era o MCDONALDS. Não fiquei triste, pelo contrário, as vezes o simples tem mais conteúdo do que o sofisticado. Realmente prefiro ser pão com ovo do que ser Mcdonalds. E você o que prefere?

Crônicas de quem anda de ônibus - 22/09/14

Honestidade vs Ignorância quem vence esta briga?





Respondo a seguir, primeiro vamos à história. Estava eu (Soraya) dentro do ônibus 8108, Cidade Nova, para quem não sabe, voltando para casa. Quando ando de ônibus, ou seja, sempre, observo tudo não consigo me distrair. Mas hoje resolvi prestar atenção na cobradora do ônibus. Primeiro ela trava a passagem na roleta de uma usuária do coletivo porque a mesma não se lembrava se tinha dinheiro "trocado" para pagar os R$ 2,85 referente ao valor do passe do ônibus. A senhora, educada, pediu que destravasse a roleta que iria se sentar e pegar o dinheiro. Recebeu como resposta: "tem o dinheiro trocado senão não passa, vai que tem uma nota de cinquenta..." a passageira pagou com duas cédulas de R$2,00. Entendo, em partes, a preocupação da cobradora, mas precisava ser tão rude? (Responda se quiser). Tentei me distrair alimentando e limpando meu bichinho Pou e mais uma vez me pego prestando atenção na ilustríssima funcionária responsável por receber o nosso dinheiro do passe. Desta vez era um rapaz. Entrou, parou na roleta. Retirou cinco reais e passou. Duvidoso, permaneceu parado na roleta olhando as moedas em sua mão. A cobradora, incomodada não perdeu tempo foi logo questionando o rapaz "tá aí o seu troco R$ 7,15 (repetido duas vezes para que não tivesse dúvida). O calmo rapaz então olhou fixamente para aquela expressão de raiva e disse: "sim, mas te dei uma nota de cinco e você me devolve outra de cinco?". A cobradora pegou o dinheiro e guardou. Agradeceu o gesto? Não. Então, para você que chegou até o fim, pergunto, quem venceu A HONESTIDADE OU A IGNORÂNCIA?

Enquanto pensam estou eu aqui dentro do Move vendo da janela a aula de dança que acontece na academia do outro lado da rua. 

(Crônica de quem anda de ônibus - 22/09/14)